Opinião

PLD Horário: um balanço dos primeiros 30 dias

Outras oportunidades que consumidores livres podem ter são uma melhor resposta à sua curva de demanda e a oportunidade de maximizar seus ganhos financeiros, adequando consumo às horas do dia nas quais os preços sejam historicamente mais baixos

Por Paulo Toledo

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Há pelo menos dois anos o mercado aguardava a implantação do PLD Horário, que após exaustivas discussões e um longo período de operação “sombra”, finalmente foi implantado a partir de janeiro de 2021. 

Muito se falou e se especulou sobre os riscos e as oportunidades do Preço de Liquidação das Diferenças – PLD, calculado hora a hora e o que isto significaria para eventuais exposições de preço dos contratos de consumidores livres que, historicamente, tinham sua modulação “flat”.

Também muito foi discutido sobre as oportunidades dessa mudança, como a criação de produtos de energia com contratos semanais e com modulação horária, de acordo com as necessidades dos consumidores livres, visto que muitas empresas têm seu consumo bastante distintos nas 24 horas do dia e, por isso, poderiam ter seus contratos ajustados de acordo com sua curva de consumo. 

Este talvez seja o maior impacto do PLD horário para os consumidores livres, que podem obter ganhos ou perdas financeiras em seus contratos de energia se não tiverem uma adequada administração desses contratos versus seu consumo nas horas do dia. Outras oportunidades que os consumidores livres podem ter são uma melhor resposta à sua curva de demanda e a oportunidade de maximizar seus ganhos financeiros, adequando o seu consumo de energia às horas do dia nas quais os preços sejam historicamente mais baixos.

Passados 30 dias desde a sua implantação, o que podemos dizer deste início de implantação do PLD horário e seus impactos no mercado livre de energia? É fato que 30 dias é pouco tempo para avaliarmos efetivamente todas as mudanças que esta implantação trará ao mercado, mas alguns pontos já podem ser identificados:

Uma primeira alteração observada foi o aumento do valor do PLD em comparação ao previsto pelo Decomp, que era o modelo anteriormente usado para o cálculo do PLD semanal. Neste caso, pelo fato do modelo Dessem possuir maior detalhamento, este acabou capturando melhor as oscilações nas gerações eólicas e projeções de carga em suas revisões diárias, que neste mês acabaram por impulsionar os preços. Esse detalhamento traz maior assertividade do custo de operação na formação do preço, porém, esse reflexo também traz também mais volatilidade ao preço, que pôde ser observada em janeiro. 

Outra alteração foi o maior descolamento de preços entre subsistemas (submercados), que apesar de presente, foi pequeno neste mês de janeiro. Contudo, entendemos que o PLD Horário também trará um movimento de descolamento de subsistemas maior do que os observados anteriormente, no então modelo de precificação semanal.

Em suma, podemos dizer que o balanço deste primeiro mês de PLD Horário mostra que teremos uma formação de preços que, apesar de refletir melhor a relação de custo de operação versus preço, também trará mais volatilidade na formação do preço de energia no mercado spot. 

Novos produtos deverão ser criados no decorrer dos próximos meses, oferecendo oportunidades aos consumidores de energia, mas é fato que estes consumidores precisam ter uma gestão muito mais apurada dos seus contratos e consumo de energia. 

Sem dúvida esta é mais uma evolução do setor, que caminha rumo ao seu desenvolvimento e amadurecimento. Com isso, abrem-se novas oportunidades aos agentes de mercado que atuam de forma comprometida para o constante desenvolvimento do mercado livre de energia. 

Paulo Toledo é sócio-diretor da Ecom Energia

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