Opinião

Flávia D'Amore Montani, da Echoenergia: A importância das ações sociais estruturantes no longo prazo

Quando os programas são construídos de forma colaborativa, o engajamento dos locais é natural e a disseminação das ações acontece sem que o empreendedor precise intervir

Por Flávia D'Amore Montani

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Complexos eólicos são empreendimentos que apresentam oportunidades marcantes para investimentos socioambientais de qualidade. Seja pela magnitude do próprio negócio, que traz a possibilidade de intervenções em escala; seja pela natureza da geração renovável de energia, que reforça uma importante temática ambiental; ou pela concentração geográfica dos  parques, que se apresentam em regiões de grande fragilidade socioeconômica com importantes demandas não atendidas.

Contudo, frequentemente, vemos empresas apostando em projetos de alto custo que se perdem após a primeira onda de investimento, focados em ações pontuais que, raramente, trazem uma solução sustentável com resultados efetivos de médio e longo prazo. Para mudar  este cenário, a grande aposta está na criação de programas pautados em dois pilares:  diagnóstico apreciativo, que mapeia, além das comuns necessidades do território, as  oportunidades de desenvolvimento já instaladas nas comunidades;  e o diálogo com agentes  de transformação locais, engajados em patrocinar as mudanças e replicar as soluções propostas.

O processo requer tempo e profissionais preparados, ambos sendo fundamentais para a geração de valor social e perpetuidade dos projetos. Quando os programas são construídos de forma colaborativa, o engajamento dos locais é natural e a disseminação das ações acontece  sem que o empreendedor precise intervir ou até mesmo investir mais recursos.

Tão importante quanto o desenho dos programas é a fase de implementação, onde as soluções são testadas, ajustes são realizados e os investimentos nas atividades que estão funcionando são reforçados.  Com essas etapas, algumas soluções inovadoras aparecem e podem ser reproduzidas em outros sites, o que estimula a criatividade dos locais e traz prestígio para os moradores da comunidade, reforçando ainda mais o engajamento e ampliando a crença de que é possível superar adversidades e fomentar desenvolvimento pelo protagonismo.

Os ganhos diretos para os beneficiários são claros, mas não são os únicos. Para as empresas que precisam cumprir exigências de órgãos ambientais e, muitas vezes, atender a requisitos de financiamentos, existe uma grande oportunidade de transformar um investimento mandatório de baixo valor agregado em uma iniciativa de  responsabilidade social capaz de valorizar a marca e produzir relatórios de sustentabilidade de ponta, destacando o setor potencialmente em escala nacional.

Flávia D’Amore Montoni é Coordenadora de Projetos Sociais da Echoenergia, empresa fundada em 2017, que possui portfólio com 28 parques eólicos e é uma das maiores geradoras de energia eólica do Brasil

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