Opinião

Novidade favorável ao Brasil

Por Redação

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Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre quanto tempo durarão as reservas de petróleo. Previsões e estimativas diversas aparecem constantemente na imprensa, servindo, muitas vezes, como combustível para altas ou quedas do preço do petróleo no mercado internacional. Não há como saber neste momento qual é a previsão mais correta, mas também não é possível fugir da questão de que o petróleo um dia acabará.

O Brasil, nos últimos anos, tem servido como exemplo para o mundo na área energética. Seja pelo desenvolvimento de programas de energias renováveis, com o etanol e o biodiesel, ou pela incessante pesquisa da Petrobras por tecnologias que permitam prospectar petróleo em áreas cada vez mais profundas. Os esforços realizados nas diversas áreas colocaram o Brasil em posição de vanguarda na questão energética, condição que já é reconhecida por todos os países e organismos internacionais. A conquista da auto-suficiência na produção de petróleo, conquistada em 2006, é um marco na história do país.

A manutenção da auto-suficiência é um dos maiores desafios que temos pela frente. A busca de novas áreas de exploração, com a realização das rodadas de licitação de blocos da ANP, o desenvolvimento de novas tecnologias para encontrar petróleo em águas cada vez mais profundas pela Petrobras, a realização de estudos que ampliem nosso conhecimento sobre as 29 bacias sedimentares e a ampliação do investimento em mão-de-obra e em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são vitais para que essa conquista seja permanente.

Outros países e empresas fazem, neste momento, esforço semelhante ao brasileiro. Países exportadores de petróleo lutam para ampliar suas reservas e aumentar suas vendas. Países importadores também querem aumentar suas reservas e reduzir a dependência externa. As companhias, tanto as grandes quanto as pequenas, investem pesadamente em tecnologia para extraírem mais petróleo por custo menor.

Todos estamos no mesmo barco. Nesse contexto, a chegada ao Brasil do FPSO destinado ao campo de Piranema, na Bacia de Sergipe-Alagoas, merece destaque. Construída em forma cilíndrica, com economia de até 30% nos gastos com aço estrutural, que representam o maior custo na construção de uma plataforma, a unidade permite a produção de acumulações pequenas em águas profundas. Para o Brasil, esse novo conceito é uma excelente notícia.

Significa que muitas descobertas em águas profundas até agora descartadas por não possuírem reservas consideradas viáveis economicamente poderão voltar à pauta das petroleiras que arremataram blocos nas sete rodadas da ANP - serão oito quando a Justiça tomar uma decisão sobre a 8ª rodada. Hoje 61 empresas estão buscando petróleo nas bacias sedimentares brasileiras. A maioria delas o faz em blocos marítimos que, desde as descobertas das jazidas gigantes da Bacia de Campos, na década de 70, representaram sempre a maior parte da produção de petróleo e gás no Brasil.

Atualmente 77% de nossa produção vêm de águas profundas, com lâmina d'água superior a 400 m. Em maio deste ano, dos 1.725.740 b/d médios produzidos, 1.333.323 b/d vieram de águas profundas. Em 31 de dezembro do ano passado, da reserva total do país, de 12,181 bilhões de barris, 82,76% estavam localizados em águas profundas. Campos, que vem sendo explorada há mais de 30 anos, também ganha novas perspectivas com esse tipo de plataforma.

Bacias como a de Sergipe, Santos, Espírito Santo, Pernambuco-Paraíba e outras que têm nos blocos de águas profundas enormes possibilidades de novas descobertas ganharam uma sobrevida, antes mesmo que essas futuras reservas se concretizem com a declaração de comercialidade. Se as expectativas se confirmarem com a plataforma cilíndrica, os blocos de novas fronteiras, localizados em bacias marítimas em águas profundas, que serão oferecidos na 9ª rodada, a ser realizada em novembro, ficarão mais atrativos e, certamente, serão disputados pelas companhias petrolíferas.

Há outra vantagem no novo conceito. Construído em módulos, o FPSO Piranema tem prazo de construção inferior ao das outras plataformas. Suas obras consumiram dois anos, com a primeira etapa sendo feita na China, no estaleiro Yantai Raffles, onde foi fabricado o casco, e a segunda na Holanda, no estaleiro Keppel Verolme, responsável pela integração e instalação dos módulos da planta de processo.

Se traz benefícios valiosos ao país, a nova unidade ainda ressalta a importância dos investimentos em tecnologia. Essa mensagem já foi entendida pela ANP. A regulamentação da cláusula de P&D, formulada em novembro de 2005 pela agência, representou uma injeção de cerca de R$ 600 milhões anuais em pesquisa e desenvolvimento tecnológico para o setor de petróleo e gás. O FPSO Piranema é pioneiro no mundo. Seu desempenho no litoral sergipano será fundamental para o desenvolvimento dessa nova maneira de construir plataformas e para a explotação de campos com pequenas acumulações em águas profundas. 

*Haroldo Lima é diretor geral da ANP

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