Opinião

Como reinventar a governança da inovação no Setor Elétrico Brasileiro

Com a revisão do P&D Aneel com o PROPDI (Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Setor Elétrico), é necessário repensar a governança corporativa do segmento.

Por Renata Ramalhosa

Compartilhe Facebook Instagram Twitter Linkedin Whatsapp

O setor elétrico brasileiro é fortemente regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), logo a governança corporativa deve responder às regulamentações e normas estabelecidas, o que exige um forte foco em compliance e gestão de riscos regulatórios. Com a revisão do P&D Aneel com o PROPDI (Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Setor Elétrico), é necessário repensar a governança corporativa do segmento.

Neste artigo trago algumas ações para integrar e reforçar estes aspectos na governança das empresas do setor elétrico. Em primeiro lugar, destaco a estratégia de inovação como pilar central. Isso significa que o conselho de administração e a alta gestão devem considerar a inovação como um fator chave em todas as decisões estratégicas, incluindo investimentos, desenvolvimento de produtos e serviços, e abordagens de mercado.

Outro item importante é incluir membros do conselho de administração que tenham expertise ou um forte interesse em tecnologia. Importante estabelecer um comitê dedicado à inovação, tecnologia e P&D para ajudar a focar na integração da inovação na governança. Este comitê seria responsável por supervisionar a estratégia de inovação, monitorar tendências tecnológicas e avaliar o progresso de iniciativas de inovação.

Na Cemig, por exemplo, definimos e executamos a estratégia de PDI, alinhada às novas diretrizes do regulador, a Aneel. Partindo de um panorama do mercado de energia, tanto nacional como internacional, criamos uma Tese de Inovação para direcionar de forma clara o modo como a empresa deve inovar, com a finalidade de ampliar eficiência nas próprias ações internas.

A pesquisa e desenvolvimento (P&D) também deve ser outro componente central da governança corporativa. Isso envolve alocar recursos suficientes para a área, definir diretrizes claras para novos projetos e garantir que os resultados sejam efetivamente integrados nas operações e estratégias da empresa. No contexto do setor elétrico, a inovação deve estar alinhada com objetivos de sustentabilidade. Isso significa investir em tecnologias verdes, como energia renovável, e considerar o impacto ambiental e social das inovações.

Além disso, é mais do que urgente que a governança seja adaptável e aberta ao aprendizado contínuo. Isso envolve estar atento às mudanças no ambiente regulatório, tecnológico e de mercado, e estar pronto para ajustar a estratégia de inovação conforme necessário. Ademais, desenvolver políticas internas que incentivem a inovação em todos os níveis da organização. Isso pode incluir programas de ideias de funcionários, parcerias com startups e universidades, e incentivos para projetos inovadores.

Por fim, integrar a inovação na governança corporativa requer uma abordagem holística que reconheça a inovação não apenas como um motor de crescimento e competitividade, mas também como uma chave para a sustentabilidade e a responsabilidade social no setor elétrico.

Renata Ramalhosa é ex-diplomata e CEO & co-fundadora da Beta-i Brasil

Outros Artigos