Opinião

Calor e energia que vêm do Sol

Num país como o nosso, cujo imenso território é abençoado pelo Sol o ano todo, os aquecedores solares representam imensa possibilidade de ganho energético

Por Luiz Antônio dos Santos Pinto

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O Brasil tem instalados mais de 21 milhões de metros quadrados de coletores solares destinados ao aquecimento de água em residências e aplicações comerciais e industriais. Os números são expressivos, mas ainda é necessário avançar muito na disseminação dessa tecnologia, que é energeticamente muito eficaz, ecologicamente correta e sustentável, contribuindo para melhorar a matriz energética nacional no contexto dos desafios relativos à segurança do abastecimento e à preservação ambiental, incluindo a agenda de combate às mudanças climáticas. Os resultados obtidos até agora no seu fomento advêm de muito empenho dos empresários do setor e da Abrasol – Associação Brasileira de Energia Solar Térmica, organização sem fins lucrativos, que representa oficialmente a atividade em todo o país.

Fundada em 2016, a entidade tem como objetivos desenvolver o mercado de energia solar térmica e ampliar sua aplicação, por meio de ações de conscientização da sociedade e órgãos governamentais sobre as vantagens do seu uso responsável. Nesse sentido, realiza trabalho permanente de fortalecimento do setor e no contexto de toda a cadeia de valores, abrangendo empresas, fabricantes, distribuidoras, revendas, consultorias, projetistas e instaladoras.

A energia solar térmica é utilizada em construções residenciais de todos os padrões, clubes, condomínios, hotéis, hospitais, restaurantes e indústrias, nos processos fabris, refeitórios e vestiários. Mais recentemente, embora em volume muito aquém dos benefícios e ganhos que poderia proporcionar ao Brasil, tem sido empregada em empreendimentos habitacionais da União, estados e municípios. É muito importante, porém, que a população e, principalmente, o poder público, reconheçam cada vez mais os seus atributos como energia limpa, econômica, ecológica, socialmente inclusiva e gratuita. 

Muitos profissionais da construção civil também buscam conhecimento para a integração dos sistemas de aquecimento solar nas obras, para atendimento às exigências de leis e projetos que apresentam conceitos sustentáveis, imprescindíveis e altamente valorizados no mercado. Desde 1992, desenvolve-se no Brasil uma rede de empresas, instituições, universidades, órgãos do governo, ONGs e cidadãos empenhados no desenvolvimento sustentável, tendo como propósito promover e divulgar formas responsáveis de produção e consumo, com a aplicação da energia solar térmica.

Mais conhecidos como equipamentos de aquecimento solar de água, devido ao aproveitamento mais usual dessa tecnologia, os sistemas têm potencial expressivo no nosso país em aplicações não apenas nas residências, condomínios residenciais (verticais ou horizontais), mas também em piscinas, clubes e academias, habitações de interesse social, hotéis, motéis, hospitais, estabelecimentos de serviços que se utilizam de água quente, como petshops, lavanderias e centros de beleza. Podem ser utilizados, ainda, nos processos industriais, nos setores alimentício, químico, têxtil e automobilístico, dentre outros.

O sistema de aquecimento solar é constituído por placa coletora e reservatório térmico. O princípio de funcionamento dá-se pela entrada da água fria na parte inferior do reservatório térmico, que alimenta o coletor solar, no qual ocorre o aquecimento da água. À medida que este processo ocorre, por diferença de densidade, a água quente (mais leve) retorna para a parte superior do reservatório térmico, da qual sai a tubulação para abastecer os pontos de consumo.

Os aquecedores solares estão presentes no Brasil há mais de 40 anos. São altamente eficientes e sua tecnologia e matérias-primas são 100% nacional, gerando muitos empregos apenas no país. São a alternativa mais eficaz para evitar o consumo dos chuveiros elétricos, que sobrecarregam muito o sistema no horário de ponta (entre 17 e 21 horas), representando mais de 7% de toda a eletricidade gasta no Brasil e cerca de 37% da residencial, segundo dados do Balanço Energético Nacional da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2021) e Pesquisa de Posse de Hábitos de Uso e Consumo (Eletrobrás, 2019).

Os aquecedores solares de água são até quatro vezes mais eficientes do que outros equipamentos capazes de aproveitar energia solar. A tecnologia é capaz de ajudar o País a evitar blecautes, diminuindo o consumo de eletricidade principalmente no horário de ponta. Os equipamentos geram energia térmica durante o dia e a armazenam para ser consumida também à noite, funcionando como uma bateria. 

A produção acumulada desses equipamentos corresponde a 14,7 GW, o que já supera a usina de Itaipu, cuja capacidade é de 14GW. Num país como o nosso, cujo imenso território é abençoado pelo Sol o ano todo, os aquecedores solares representam imensa possibilidade de ganho energético, com vantagens para as famílias, as empresas, a economia e o meio ambiente. Por isso, seguiremos trabalhando muito para capitalizar esse grande potencial que a natureza e a geografia nos proporcionaram!     

Luiz Antônio dos Santos Pinto, engenheiro, é presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol)

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